Esta actividade foi planeada com o intuito principal de fazer a avaliação do ano e planear o novo ano que se avizinha.
Mas como fomos para uma zona de monte com poucos acesso e recursos em caso de algum acidente, então foram programadas algumas actividades que em caso necessidade podemos utilizar para nos tirar das mais difíceis situações (a frente iremos demonstrar quais e em que medida nos pode ajudar).
--- 1º Dia ---
No dia 16 de Agosto o chefe Fernando e chefe Miguel partiram pelas 7 horas da manhã recolhendo os vários elementos até que nos agrupamos em Valongo perto da casa da chefe Lourdes de onde partimos por volta 7h e 20m rumo a Covelo do Paivó.
Quando chegamos a Covelo do Paivó descarregamos as viaturas para o chefes irem por um carro em Regoufe para o caso de algo correr mal e precisarmos de tirar alguém de lá.
Às 10h e 15m o grupo todo motivado e ainda sem se aperceber das dificuldades saiu de Covelo já com as mochilas às costas.
O guia ia à frente com uma carta militar da zona, para através da identificação dos pontos na carta decidir qual o rumo a seguir (linhas de água, curvas do rio, desníveis, etc).
O percurso até Regoufe foi sempre a subir, parecia que estávamos a subir uma grande escadaria que nunca mais acabava mas com degraus muito desnivelados. :-)
O que nos obrigou a fazer várias paragens técnicas para beber e comer umas barritas para ganhar energias novamente, mas o esforço era recompensado com as paisagens que podemos apreciar.
Passadas 2 horas e 4,5 km chegamos a Regoufe e já com pouca água paramos para almoçar e reabastecer os cantís em casa do senhor Manuel Costa Martins que se disponibilizou para nos ceder água potável. Um amigo que arranjamos em Regoufe para próximas aventuras.
Em Regoufe pegamos no material de montanhismo que ficou na carrinha do chefe Fernando, mais uns quilitos para as costas, mas não há problema quem anda por gosto não cansa.
Quem inventou esta frase nunca andou com mochilas as costas com este peso. :-)
Os primeiros 600m a seguir a Regoufe são mesmo selectivos, o que fez o grupo dispersar um pouco, o André ia sempre a liderar o grupo e o chefe Fernando a fazer de "carro vassoura" para ajudar os elementos em maior dificuldade.
Mas todos conseguimos passar esta dificuldade com ajuda uns dos outros, mais um objectivo conquistado.
Mas nem a meio do percurso estávamos para chegar ao Lugar de Pego. Este percurso é feito sempre em cima de cascalho o que cansa bastante, em que o risco de torcer o pé é grande, por isso, devemos ter as botas bem apertadas para dar estabilidade aos tornozelos.
Após chegados ao ponto N, reavaliamos o destino da nossa caminha, porque já tínhamos no grupo pessoas com o joelho quase o dobro devido ao peso que levavam as costas e do piso irregular. Então o chefe Miguel e o chefe Fernando foram avaliar um sítio perto do ponto N e junto à Ribeira de Drave, como não sabíamos como estava o local só foram eles para que senão tivesse condições necessárias não ter de obrigar o resto dos elementos a voltar para trás. E foi a melhor decisão, porque a ribeira estava quase seca e não permitiria termos água para beber e nem para fazer algumas das actividades programadas. Assim só eles tiveram de fazer mais 800 m que o necessário com as mochilas às costas. Deu para queimar mais umas calorias. :-)
Quando eles chegaram à nossa beira sentaram um bocado para beber e comer qualquer coisinha para ganhar energias novamente, para o resto que faltava até ao quadrado vermelho assinalado no mapa, onde montamos a nossa base.
Pegamos novamente nas mochilas e pusemos os pés ao caminho. Ups, lapso nosso, não tinha caminho até ao local, foi mesmo a corta-mato.
Parece que chegamos! Nah! Ainda mais 10 minutos até à beira do rio para podermos montar as tendas em condições. Para podermos descansar que o cansaço já se sentia bem no corpo.
Mal chegamos ao local fizemos um pequeno reconhecimento e logo de seguida montamos as tendas para podermos ir tomar um banho para relaxar um pouco as pernas.
Depois de um banho que soube pela vida fomos tratar do estômago. sentamos perto das tendas a jantar. As refeições feitas foram à base de refeições desidratadas, fumadas ou secas para poderem ser leves no transportes, mas também para não se estragarem com o calor. No rio dentro de uma saca metemos os produtos que se pudessem estragar.
Eram 20 horas e já estávamos prontos para ir para a "cama". Ainda tentamos, mas não dava, estava dia e não estamos habituados a dormir cedo. O chefe Fernando, o chefe Miguel, o Hugo e o André ainda foram dar um volta a pé para o conhecermos melhor o local e encontrar o trilho representado na carta militar para usar no regresso.
As 22h já estávamos todos nas tendas uns a tentar descansar os ossos e outros ainda jogaram as cartas até aterrarem também.
--- 2º Dia ---
Eram 7h 30m da amanhã os chefes Fernando e Miguel já andavam cá fora quando a alvorada estava prevista para as 8h 30m, mas como já estavam fartos da tenda levantaram-se e pouco a pouco os outros também.
Eles adiantaram as coisas do pequeno.almoço para começarmos cedo as actividades do dia.
Quando acabamos o pequeno-almoço o André e os chefes Fernando e Miguel foram ver os sítios para as manobras de cordas (rappel). Técnicas que podem ser usadas no resgate de algo ou alguém.
Subimos um bocado a serra para perto de onde íamos fazer a actividade. Lá o chefe Fernando deu uma explicação do que íamos fazer e que material deveríamos levar para actividades de montanhismo para se tivermos "problemas" e tivermos de resgatar alguém estarmos preparados.
O primeiro sitio escolhido para fazer este tipo de actividade quando chegamos ao local não nos inspirou confiança para ancorar as cordas e aguentar com o peso de duas pessoas, como não estávamos para correr risco decidimos alterar o local.
Senão houver condições de segurança não devemos arriscar, porque uma queda nestes locais não devemos ficar em muito bom estado. É importante estarmos preparados para fazermos em qualquer condições, mas a segurança deve ser uma prioridade.
Esta descida era muito menos íngreme do que a descida da formação, mas tinha mais obstáculos pelo caminho o que dificultava mais a progressão.
Nesta descida foi atribuída a primeira "medalha" do dia, pois como disse anteriormente esta descida tinha mais obstáculos e o Hugo escorregou e feriu a perna na descida. Logo que subiu se fez o curativo e ficou pronto para outra.
Depois de termos treinado este tipo de progressão no terreno para efectuarmos resgate, descemos para o sitio do acampamento junto ao rio onde falamos sobre as zonas para atravessarmos um rio no caso de ser necessário e as técnicas a utilizar dependendo do número de elementos a atravessar.
Isto pode ser importante quando perdidos, mas conseguimos reconhecer algo do outro lado do rio, então a solução víabel é atravessar o rio, mas para isso é preciso saber como fazer em segurança.
Desta formação não temos imagens, durante a parte da manhã tivemos problemas com a máquina e não temos fotos de tudo.
A manhã foi longa e as formações continuaram, para podermos adiantar as coisas para podermos sair do local do acampamento ao anoitecer para podermos repartir a caminhada de regresso entre a noite e o dia seguinte.
Então montou-se um sistema de segurança para podermos fazer escalada na encosta junto ao rio.
Quase todos fizeram sem problemas a escalada e a descida, mas o chefe Miguel ficou com inveja do Hugo e teve de arrecadar também uma medalha. Ao fazer a subida ele agarrou numa beira da pedra, essa pedra descascou o que o fez escorregar e ir de joelhos à rocha, mas como incha, desincha e passa, não há problema. Não se desiste por isso, são só recordações.
Mas com estes pequenos acidentes demonstra que não se pode facilitar e fazer tudo em segurança e com equipamentos adequados.
Quando chegou a vez do Hugo descer e escalar e depois de ele se ter magoado e o chefe Miguel antes descer ele se pôs a rezar na beira da rocha. Brincadeira :-)
Ainda se montou um slide, mas fez 2 ou 3 descidas e desistiu-se, porque o material não era o adequado para o tipo de slide que estávamos a tentar fazer, logo decidimos que ficaria para outra vez com cordas adequadas.
A manhã já ia longa então fomos refrescar um pouco no rio antes de começarmos a preparar o almoço, o dia estava quente e soube pela vida.
O almoço foi feito junto ao rio a apreciar aquela paisagem fenomenal.
A tarde foi destinada para a avaliação do ano e de preparação do próximo.
Numa primeira parte os caminheiros reuniram-se a sós para avaliarem o ano, onde debateram sobre as dificuldades que passaram, os obstáculos que venceram, sobre a saída e entrada de elementos, o espírito de grupo criado e todas as outras coisas positivas que viveram.
O grupo também deu inicio à avaliação da actividade que estava a decorrer. Ponto que seria tratado com os chefes ao fim da noite.
Depois de terminarem a reunião foi feita um segunda reunião então com os chefes sobre a avaliação do ano e planos para o próximo.
Dada por terminada a reunião então partimos para o campo para desmontar as tendas, desmontar estendal e arrumar os sacos. Voltamos para a beira do rio de onde iríamos sair, quem quis ainda se refrescou no rio mais uma vez.
Fizemos o jantar ainda no local da actividade para ganhar energias os quilómetros que íamos fazer durante a noite.
Para além de nos alimentarmos, enquanto jantávamos estivemos a alimentar os peixes do rio, pusemos o tacho de cozer massa de molho no rio e os peixes vieram todos também jantar como podem ver no filme.
Lavamos os tachos, abastecemos os cantis de água para a caminhada e mais uns comprimidos desinfectantes para purificar a água e partimos montanha a cima já com o anoitecer. Desta vez iríamos subir a encosta por um outro trilho, mais longo mas de tipo de terreno ligeiramente diferente. O trilho não deve ser muito usado, porque mais uma vez foi a corta-mato.
De vez em quando tínhamos de parar para matar a sede e recuperar o fôlego, porque foram perto de 50 minutos sempre a subir encosta a cima.
Quando chegamos ao ponto N novamente paramos para comer umas barritas e beber algo e como fizemos em menos tempo do que tínhamos previsto e pessoal estava todo com forças o grupo decidiu então fazer o resto da caminhada até perto do ponto L, no cume de Regoufe.
Neste ponto preparamos as coisas para darmos início uma pequena reflexão e de seguida fazer a avaliação a actividade.
A reflexão teve como ponto de partida uma leitura do Evangelho Segundo São Mateus 14,22-33:
Jesus caminha sobre as águas - Depois, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário.
De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!»
Este texto teve como objectivo avaliar as dificuldades por que passamos, mas o que ao principio parecia impossível para alguns com a fé nos outros e na sua ajuda conseguiram ultrapassar as dificuldades. E sempre que acreditamos nos nossos objectivos conseguimos ultrapassar qualquer obstáculo que nos apareça.
Todos os elementos contribuíram para a reflexão e deram a sua opinião. Individualmente cada um fez a avaliação da actividade.
Para nos protegermos do frio ficamos todos juntos a traz dos tubos de cimento e aqueles que não estavam tapados pelos tubos criaram uma barreira com as mochilas.
Enquanto alguns "serravamm lenha" toda a noite os outros foram apreciando o céu estrelado até que também aterraram.
--- 3º Dia ---
Acordar a ver as paisagens magnificas enche-nos logo a alma. É também estes momentos que nos motiva para continuar e fazerem valer a pena as dificuldades por que passamos.
Deixamos o dia crescer um bocado, porque como tínhamos de passar na aldeia não podíamos ir muito cedo senão os cães iam fazer acordas as pessoas. Assim sendo, partimos do cume por volta das 9 horas e descemos em direcção a Regoufe.
Quando chegamos a Regoufe os chefes decidiram que não devíamos continuar até Covelo de Paivó, porque não valia a pena irmos forçar mais 4,5 km os joelhos com o peso as costas e o caminho era sempre a descer que pressiona mais os joelhos.
Os objectivos da actividade estavam cumpridos e não valia a pena estragar a actividade se alguém se aleijasse. Então os chefes foram buscar o outro carro para partimos de Regoufe de regresso a casa.
Quando chegaram os chefes foram ter com o Sr. Manuel Costa Martins a quem ofereceram uma t-shirt das nossas como agradecimento e para não estar a nossa espera, porque tinhamos dito que passavamos por casa dele para reabastecer de água.
Então partimos de Regoufe directos a Campo a tempo de almoçar em casa com a família e mais importante de tudo descansar os ossos:-)
Todas as Fotos da Actividade
Esta reportagem terá uma 3ª parte que será postado para a semana.